O VIBRADOR


Para um artefato sexual, as origens do vibrador parecem surpreendentemente antissépticas e clínicas. Prescrito como terapia para a curiosa doença de histeria durante décadas, o dispositivo teve aplicações clínicas como uma pretensa terapia médica.
Derivada da palavra grega “útero”, a histeria ocorria em mulheres com energia sexual reprimida ou assim pensavam curandeiros e médicos antigos. Freiras, viúvas e solteironas eram particularmente suscetíveis, mas durante a era vitoriana muitas mulheres casadas também sofriam do mal. No fim do século 19, uma dupla de prestigiados médicos estimou que 75% das mulheres americanas corriam risco de sofrer histeria.
A prescrição de orgasmo clitorial como tratamento consta em textos médicos desde o século 1 d.C. Mulheres histéricas normalmente recorriam aos médicos, que as curavam por manipulação, induzindo-as ao “paroxismo” – termo que camufla o que conhecemos por orgasmo.
Mas a estimulação manual era demorada e, pelo menos para os médicos, tediosa. No livro Tecnologia do orgasmo: histeria, o vibrador e satisfação sexual das mulheres, a historiadora da ciência Rachel P. Maines, relata que os médicos muitas vezes passavam a tarefa para parteiras.
A invenção da eletricidade tomou a tarefa mais fácil. Joseph Mortimer Granville patenteou o vibrador eletromecânico no início da década de 1880 para aliviar dores musculares, mas os médicos logo perceberam que podia ser usado em outras partes do corpo. A inovação diminuiu a duração do “tratamento”da histeria, engordando as carteiras dos médicos.
As pacientes também ficavam satisfeitas. O numero de clínicas de saúde que ofereciam tratamento com vibrador se multiplicou. O serviço era tão popular que os fabricantes alertaram aos médicos que não exagerassem no uso dos novos aparelhos. Por volta da virada do século, catálogos de bordados anunciavam modelos para mulheres que quisessem tentar o tratamento em casa, tornando o vibrador o quinto eletrodoméstico a chegar aos lares, depois da máquina de costura, do ventilador, da chaleira e da torradeira de pão.
A legitimidade do vibrador como dispositivo médico diminuiu depois da década de 20, quando Sigmund Freud identificou corretamente o “paroxismo” sexual. Em 1952  a Associação Psiquiátrica Americana tirou a histeria de sua lista de doenças reconhecidas. Quando o vibrador voltou a se popularizar, anos depois, as mulheres não precisavam mais alegar uma doença para justificar sua compra.
Fonte: Mara Hvistendahl – Scientific American

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